Neste ano, novamente, fui dar as caras na festa mais tradicional da cidade apenas uma vez, na tardinha do último dia. Acompanhei a chegada da procissão, dei umas voltas e fui para casa. As minhas “festadas” nem sempre foram tão magras assim. Quando criança, dependente dos meus pais, chorava para andar no “tomóvinho” umas par de vezes, pelo menos três dias. Que delícia! Na adolescência e parte da juventude, varava quase todos os dias, ora na barraca do Lopes, ora brincando nos brinquedos não infantis, mas também não muito agitados. Que saudade! Como pai, marcava ponto várias vezes para levar os filhos nos brinquedos. Que canseira! Depois que eles cresceram, para mim, a festa perdeu a graça. A passada única, quando ocorre, é para não perder o costume.
A festa deste ano me pareceu organizada, mas nem por isso, melhor, diferente ou atrativa. A impressão que eu tenho é que ela não acompanhou a modernidade, nem o crescimento da cidade. A maioria das barracas de roupas e quinquilharias é montada como sempre foi. As de alimentação, mais estruturadas, continuam não transpirando boa higienização. Os brinquedos talvez tenham sofrido as maiores transformações se comparados aos cavalinhos, “tomóvinhos” e roda gigante que faziam as alegrias de antigamente, porém, convenhamos, distantes do que existe nos parques fixos da atualidade.
A parte religiosa vem definhando, que apesar de planejada e realizada, acanhada, ficava quase às escondidas para a maioria dos que festavam, como este que vos escreve. Só ganhava relevância, no último dia. As missas e novenas eram frequentemente desrespeitadas pelo barulho, conversas, gritos e risadas escancaradas. Não era a Festa de Maio dentro da Festa de São Benedito. Era a Festa de São Benedito que se intrometia na Festa de Maio, dizia-se.
Pelo que vi e fiquei sabendo, o novo padre, a despeito dos reclamos e inconformismos de alguns, conseguiu retomar o controle religioso. A novena foi bastante concorrida e o Largo São Benedito, no encerramento, defronte à igreja e laterais, foi literalmente tomado com a chegada da procissão. Também não ouvi ninguém criticando a nova arrumação do largo, salvo uns poucos que insistem no retorno dos brinquedos como antigamente. Apesar da participação de fornecedores terceirizados, as barracas da igreja deram o gostoso ar de quermesse.
Enfim, do ponto de vista religioso a comunidade, ao que me parece, conseguiu resgatar a Festa de São Benedito. E eu fiquei me perguntando: por que a Festa de Maio precisa continuar existindo com aquelas barracas vindas não sei de onde. Antigamente, era justificável. O comércio de Itapira não tinha preço e nem variedade popular para competir. Será que não está na hora de fechar a porteira para que a Festa de São Benedito seja apenas a Festa de São Benedito?