Desde que eu me conheço por gente, falar mal dos bancos é mania nacional. Em 2013 o lucro somado dos bancos BB, Bradesco, Itaú e Santander (só esses quatro) foi de 20 bilhões de dólares (mais de R$ 46 bilhões). Quantia que superou o PIB de 83 países. Nada contra o lucro. Prova de competência.
O Sistema Bancário Brasileiro está entre os melhores do mundo, principalmente no quesito tecnologia. Bem que essa distinção poderia nos encher de orgulho. Mas enchem, na verdade, as burras dos controladores e acionistas. Que tal perguntarmos à FEBRABAN se o lucro astronômico é social e moralmente justificado?
Algumas funções bancárias continuam exigindo ação presencial. Nesta semana, na terça-feira, três itapirenses - Américo, Paulo e José Francisco - se encontraram na agência da Praça do Banco do Brasil. Pegaram a senha e, enquanto aguardavam a chamada, caíram no bate-papo.
Paulo foi chamado. Os outros dois continuaram com a prosa. Américo contava indignado a José Francisco que ao chegar à agência, como estava com sede, procurou por um bebedouro d’água. Não encontrando, perguntou sobre localização do dito cujo ao atendente tira-dúvidas. Descobriu, surpreso, que aquele líquido usado para saciar a sede não estava disponível para os clientes e usuários da agência.
Quem conhece José Francisco sabe que ele é daqueles baixinhos que se irrita com facilidade diante das injustiças aparentes. Quase que na ponta dos pés e com as veias do pescoço inchadas, esbravejou: “Você acha que isso é possível? Esses bancos ganham um monte de dinheiro. É um relaxo! Será que eles não podem colocar um bebedouro pra gente matar a sede?” E continuou: “E eu vou dizer mais uma coisa... A gente tira o dinheiro que é nosso, alguém, agora, pode estar de olho e lá fora ter algum comparsa esperando para nos roubar. Veja bem! Eles estão agindo aqui, nas barbas do banco e dos funcionários! E o que os bancos fazem para nos dar segurança? Eu acho isso um absurdo... Eu não me conformo.”
Mal sabia José Francisco que acabara de antever um acontecimento que envolveria um deles três. Depois que os dois foram atendidos, Américo saiu por último e encontrou com Paulo, triste e cabisbaixo. Perguntou-lhe: “Está tudo bem com você!”. Paulo respondeu: “acabei de ser assaltado!”
Paulo contou que ao sair da agência da praça, dirigiu-se à do mesmo Banco do Brasil (antiga Nossa Caixa), um quarteirão abaixo, para depositar. Enquanto preparava o envelope, sob o olhar de dois funcionários da agência, num lapso, alguém se aproximou e levou o dinheiro que ia ser depositado, sem que ninguém percebesse. Paulo fez o BO e solicitou o ressarcimento. Ficará dependente da boa vontade e rapidez do setor de segurança do banco. Detalhe: além dos funcionários, uma câmera de vídeo está instalada na sala de autoatendimento para auxiliar a segurança. Como se vê, não adiantou...
Para pensar na cama: “um sistema que não se preocupa em matar a sede dos usuários pode estar preocupado com a segurança desses mesmos usuários?”
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