Não é preciso ser nenhum grande analista de comportamento eleitoral para concluir que a campanha 2012, em nossa cidade, é atípica. Falo por mim. Olhando para as eleições passadas, desde o cadastramento eleitoral, nunca vi tamanho marasmo diante de uma decisão tão importante: eleger o próximo prefeito.
Algumas pessoas interessadas em política, com quem converso costumeiramente, acreditam que a apatia vem da mansidão dos candidatos majoritários. Dizem que o fato dos três pretendentes se mostrarem respeitosos demais, quase como num jogo de compadres, acaba refletindo no desinteresse em abraçar e defender o candidato do coração. Não criando, portanto, a chamada torcida pré-eleitoral organizada.
Outros atribuem ao distanciamento do deputado Barros Munhoz no dia a dia da campanha. Ele que sempre foi o centro das atenções dos lados envolvidos: a turma a favor e a turma contrária. Sem Munhoz na parada, o eleitor, assim como os candidatos, teria perdido o referencial.
A minha opinião é divergente, mas encontra pela cidade, inúmeros concordantes. A apatia estaria relacionada à definição antecipada do voto. Por mais que os candidatos tentem semear ideias, lançar dúvidas, forjar denuncias, inventar histórias, revirar o passado, o eleitor continua impávido, sem envolvimento.
Nas pendengas passadas, a dúvida era manifesta na cabeça dos eleitores. Os decididos sentiam no ar o processo indecisivo. O boca a boca entrava em ação na tentativa de engrossar as fileiras deste ou daquele lado. Os candidatos eram impelidos a gastar mais, falar mais, colocar mais gente nas ruas. Os patrocinadores, também aquecidos, contribuíam mais, para ter o jogo a seu favor. Que interesse tem um torcedor numa disputa que ele acha já decidida? Impera o silencio. A calmaria.
O mais engraçado é que ao divulgar a ideia do voto definido, muitas pessoas direcionaram a decisão para um determinado candidato, sem que ninguém tivesse associado qualquer nome na opinião. Será que não seria esse comportamento a comprovação da tese?
É razoável concluir que o processo de definição do voto passa por Totonho Munhoz e Toninho Bellini, e que eles poderão ajudar ou prejudicar seus candidatos. Lembrando que a transferência cega de votos jamais supera a casa dos trinta e cinco por cento destinados aos padrinhos. Manoel teria uma boa partida se Toninho Bellini ostentar mais de sessenta por cento de ótimo e bom. Paganini, poderá se beneficiar de parte dos 75% que votaram em Munhoz na última eleição. A parte de Alberto ficaria na intersecção dos que consideram o governo Bellini de regular a péssimo e os que não votarão em Paganini.
Podemos chamar a distribuição acima de votos de partida. Votação que em tese não garante a nenhum dos postulantes a vitória. A diferença caberá à campanha, ao perfil, às propostas, à credibilidade, e, principalmente, muita sola de sapato gasta, conversa consistente com o eleitor e pouquíssimas horas de sono na cama.
Quem entra numa eleição, além da trabalheira desgraçada, deve conhecer e respeitar as regras do jogo. Quem ninguém diga depois: “assim eu não gosto de brincar!”