CORONEL FRANCISCO VIEIRA
Arthur nasceu em Itapira no dia 31 de janeiro de 1932, no bairro da Santa Cruz, filho do casal Tereza Lanzoni Baiochi e João Baptista Baiochi. Eram seus irmãos Valmir, Irineu e Cecília (Sila). Depois dos estudos no estabelecimento de ensino itapirense, o Grupo Escolar Dr. Júlio Mesquita, a maioria das crianças deviam ajudar seus pais, dando início a uma carreira profissional, um trabalho que em nada desabonava os pequenos, pois todos, indistintamente, deviam trilhar os melhores caminhos da vida. Seu primeiro emprego foi na fábrica de enxada dos sócios Domingos Pegorari (Meneguim) e Francisco Viviane, também conhecido com Tio Chico. Tempos depois seria “matriculado” na indústria dirigida pelo “seu” Albano Pegorari e filhos, com o mesmo ramo de fabricação de enxadas e enxadões e outras ferramentas.
Mas o Tinho não desejava continuar sendo apenas um empregado com registro em carteira profissional, mas queria ter o seu próprio negócio, e então, com a anuência dos patrões se desliga da firma e procura montar uma pequena fábrica de gaiolas aramadas, sendo que a mesma funcionou no então prédio da “Farinheira” dos irmãos José e Aparecido Stringuetti, localizada na esquina da rua Saldanha Marinho com a 13 de Maio. Foi ali então que o ainda jovem Arthur Baiochi Netto daria início a sua carreira de empresário, fabricando e comercializando as famosas gaiolas “anatômicas”, feitas de sarrafo de madeira e arame, cuja produção era vendida pelos quatro cantos de nosso estado e pelas cidades de Minas Gerais. Os comboios ferroviários da Mogiana se incumbiam do transporte dos volumes com as encomendas da freguesia.
Na década de 50, conjuntamente com a fábrica de gaiolas, o Tinho deu início ao que seria nos dias de hoje as vendas a prestações, quando as primeiras bicicletas Monark, já fabricadas no Brasil.
Da 13 de Maio ele se mudou para a Av. Rio Branco, quando pode mesclar mais o atendimento para com sua freguesia, oferecendo móveis, colchões e eletrodomésticos, além de ter montado uma oficina para conserto e assistência aos clientes que possuíam as “magrelas” Monark e depois Caloi.
Pelos idos de 1957, a loja muda da Av. Rio Branco para a Rua José Bonifácio. Outras representações e marcas famosas vieram somar às já comercializadas, como fogões Brasil, Ultragaz, Walita, Arno, Vigorelli, Semp, colchões de molas Rio Branco. Os televisores Semp e Colorado empolgavam multidões. Também as famosas rádios vitrolas da marca Zilomag entretiam aqueles colecionadores de álbuns de disco de sucesso.
Mas tarde, os conjuntos estofados com três peças, o sofá cama e duas poltronas individuais, passaram a embelezar lares da cidade e de sítios e fazendas. Foi o auge das compras financiadas com longos prazos, juros baixo e mercadorias que alegravam os lares mais modestos, mas com capacidade de dar guarida ao que antes era privilégio das elites.
Na pequena loja da Rua José Bonifácio, 224, prestou serviços Irineu Baiochi, irmão de Tinho, e após sua saída para montar sua indústria de calçados, passou a prestar serviço ao Arthur Baiochi o jovem Arlindo Bellini, então com 18 anos de idade, recém transferido do jornal Folha de Itapira. Era o dia 08 de setembro, dia Nossa Senhora da Penha, então padroeira da cidade.
Com a crescente demanda, o prédio passou a ficar insuficiente, fazendo com que Arthur firmasse contrato com o Sr. Lázaro Andrade, transferindo sua loja para o numeral 118, onde no passado havia funcionado a loja Pernambucanas. O prédio mais amplo e central, possibilitou um maior fluxo de clientes e passou a ter novas representações de móveis e eletrodomésticos.
Marcas como Brastemp e Clímax eram encontradas entre as demais, sempre procurando oferecer o melhor atendimento. Para a assistência e montagem de antenas e televisores, estava Valmir Baiochi, que sabia onde se encontravam os defeitos das peças.
Mas seu plano de crescimento não estava completo. Foi quando adquiriu um amplo imóvel na rua XV de Novembro, 45, construindo ali sua segunda loja na parte térrea e sua própria residência no andar superior.
Em 24 de outubro de 1971, Baiochi inaugurava sua nova loja na José Bonifácio, com linhas modernas e arrojadas para época, embelezando ainda mais o patrimônio imobiliário da cidade.
Arthur Baiochi Netto foi casado com Maria Luiza Bertini, de cujo consórcio nasceram três filhos: Luciene (in memorian); João Bosco, casado com Selma Aparecida de Godoy Baiochi, que são pais de Caroline e Rodolpho; e Arthur, casado com Andreia Gusson Baiochi, que tem dois filhos: Arthur e Luiza. Em segunda núpcias, ele foi casado com Maria Benedita Sieve Baiochi.
Embora nascido em berço simples, Arthur buscou trilhar os melhores caminhos, sempre tendo em mente um objetivo concreto pelo qual lutava com afinco, fazendo com que os obstáculos fossem suplantados.
Ao partir em 24 de janeiro de 2010, pode deixar um legado composto da mais sólida educação para com seus filhos e ao mesmo tempo deixar marcas que jamais se apagarão, principalmente para com aqueles que com ele puderam trilhar os mesmos caminhos. Uma vida simples, mas que se tornou grandiosa no momento em que pode vislumbrar a glória da eternidade.
E a José Bonifácio, a nossa principal rua comercial, pode acolher aquele que na década de 50 a escolheu como sendo um ponto ideal para montar sua pequena loja e atender sua freguesia que o tinha como amigo em primeiro lugar e depois como o comerciante que se esmerou ao longo de mais de meio século com seu estabelecimento comercial que viria a se tornar a hoje tradicional e conhecida “Casas Baiochi”.
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