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15/10/2013 | Outubro Rosa: Elas venceram o Câncer de Mama

  

 O câncer de mama é o carci­noma mais comum em mulheres e, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer). Ele correspon­de a 22% do total de casos novos a cada ano no Brasil e registrou 52.680 novos casos da doença no ano passado.

De acordo com o Inca, em 2010 foram registrados 12.852 óbitos em decorrência da doença, sendo 147 homens e 12.705 mulheres. O drama de ser diagnosticada com a doença aflige mulheres de todos os locais do mundo.

Em maio deste ano, a atriz Angelina Jolie surpreendeu toda a mídia internacional ao revelar ter feito a retirada total das ma­mas por receio de desenvolver a enfermidade. A musa de 37 anos foi diagnosticada com um “de­feito” no gene chamado BRCA1, que lhe dava 87% de chances de desenvolver um câncer de mama e 50% de câncer no ovário.

Longe das telas de cinema e da fama, muitas mulheres passam pelo mesmo problema. Em Itapi­ra, foi criado um grupo de apoio às mulheres em reabilitação no começo deste ano. As reuniões percorrem as Unidades Básicas de Saúde com o intuito de oferecer apoio emocional às pacientes.

Uma das integrantes dessa equipe é a professora Ivanilde Felippe Borges, de 51 anos. Ela conta que descobriu a doença durante um exame de toque em 2011. “Grande parte das mulheres não tem o hábito de fazer o auto­-exame, mas ele é importantíssimo para antecipar o diagnóstico”, disse.

A professora relatou que tinha um exame de mamografia agenda­do para o mês seguinte, seguindo a rotina anual de acompanhamen­to, mas sentiu um desconforto na mama esquerda e começou a apalpar o seio. Ao repetir o mesmo ato do lado direito, ela localizou o nódulo. “No mesmo instante fui ao médico, ele fez um ultrassom e me encaminhou no mesmo dia para Campinas para iniciar o tratamento. Foi o pior dia da minha vida. Eu e meu marido chorávamos muito em frente à clínica”, descreveu emocionada. Ivanilde foi enca­minhada para o Hospital da Pucc (Pontifícia Universidade Católica de Campinas) e deu início aos pro­cedimentos. Ela passou todo o ano de 2012 em tratamento, com 12 sessões de quimioterapia e mais 28 de radioterapia, e ocupou boa parte deste ano em cirurgias de reconstrução mamária.

Ao descobrir o câncer de mama, muitas mulheres ficam nervosas e apreensivas com o fato de perder o cabelo e ter de retirar os seios. Muitas acredi­tam na perda de feminilidade e passam por um processo que se assemelha à depressão. Com a auto-estima em baixa, muitas acabam se ‘entregando’ à doença.

Ivanilde conta que não teve esse sentimento. Ao contrário ela sentiu uma espécie de alívio ao saber que iria retirar o problema por completo. “Pra mim parecia que tinha um monstro andando dentro de mim e eu queria tirar logo”, contou. Um mês após o diagnóstico, fez a mastectomia total da mama e passou a sentir que eliminou o problema. “Eu já tinha criado três filhas e tive uma perspectiva muito melhor ao retirar a mama, talvez por isso não tenha me sentido mal com o procedimento. Eu estava livre”.

Como em qualquer problema grave de saúde, o paciente se fragiliza e passa a depender muito mais da atenção de familiares e amigos. No caso da professora, ela disse que a recepção das filhas, do marido, das irmãs, demais parentes e amigos foi essencial para sua reabilitação. “Tenho uma irmã que cuidou de mim como se eu fosse um bebê. Meus familia­res e amigos também me deram apoio total, pessoas me ligavam a todo o instante. Meu marido e minhas filhas permaneceram ao meu lado todo o tempo”.

Durante o tratamento, Ivanilde disse que se sentia muito mal com as sessões de radioterapia, tendo reflexos na pele e na saúde em geral, com tonturas frequentes e mal estar. Antes disso, durante a quimioterapia, teve de lidar com a queda de cabelo. “Quatorze dias após a primeira sessão de quimio eu comecei a perder o cabelo, mas também estava preparada para isso. Eu chamei a cabeleireira na minha casa e passou a maquininha. Logo em seguida eu coloquei um lenço e fui para a casa de meu pai. Nem liguei para quem me olhava ou para o que pensavam”, relatou.

Diante de todos os procedi­mentos aos quais foi submetida, bem como todos os problemas decorrentes do tratamento, desde físicos a psicológicos, Ivanilde Borges afirma que a pior parte disso tudo foi ter de abandonar os hábitos e a rotina de aulas. “Dava aula em duas escolas, gosto muito da minha profissão e de repente tive que parar com tudo. Isso foi muito dolorido pra mim. Claro que passar por tudo isso e ver o sofrimento das minhas filhas, do meu marido e de todo mundo também foi difícil”, afirmou. Ela disse que nada é fácil e simples, mas somente o fato de saber que irá sobreviver dá forças para que elas vão à luta.

“Passei pelas três fases: nega­ção, revolta e aceitação”

A dentista Luciana Fraccaroli Moino, de 48 anos, também passou pelo drama do Câncer de Mama. Ela foi diagnosticada após um exame rotineiro em janeiro do ano passado. Três anos antes, já havia tido um nódulo que vinha sendo investigado regularmente. Seu médico de confiança a chamou no consultório e a informou sobre a situação. “Meu médico demorou uns 20 minutos pra me contar. Ele foi falando várias coisas, até que o pressionei e ele disse que era carcinoma. Nós mulheres temos um sexto sentido forte e quando tive que fazer a biópsia já sabia o resultado”, contou.

Com o diagnóstico em mãos, ela ainda teve de passar pelo difícil momento de contar aos pais. Lu­ciana disse que demorou 15 dias para revelar a situação e teve de esperar a presença dos irmãos, pois tinha medo da reação da mãe, de 79 anos, e do pai, de 82. “A primeira sensação é sempre de morte e eu ficava pensando quem tomaria conta de meus pais caso eu morresse”, relata.

A dentista classifica o momento da descoberta como um tsuname no qual as pessoas não sabem para onde correr. Seu primeiro sentimento foi de negação, de não acreditar que aquilo fosse verdade. “Eu pensava que não poderia estar acontecendo aquilo comigo, com qualquer pessoa sim, menos comigo”, conta.

Passado o choque, veio a revol­ta. Luciana disse que se questionava a todo instante procurando res­postas convincentes. “Eu chorava muito e me perguntava o que tinha feito para Deus estar me castigando dessa maneira”. Na terceira fase veio a aceitação de pensar que essa é uma situação que pode atingir qualquer pes­soa e que tudo tem um sentido. “Uma vez uma pessoa me disse assim: nunca pergunte por que, mas para que. Para que isso vai me servir? Vou ser uma pessoa melhor? Passado todo o drama, começamos a enxergar o mundo de outra maneira”, declarou.

Assim como Ivanilde, Luciana passou pela fase difícil da perda de cabelo e da mastectomia total da mama. “Pra mim foi muito difícil ter de tirar a mama. No primeiro momento eu também queria me livrar do problema, mas fiquei muito triste, pois isso está muito ligado ao materno, ao colo, em ser mulher, usar o decote, ser feminina. Mas a parte mais difícil mesmo foi a espera, os dois meses infinitos que tive de esperar entre o diagnóstico e a cirurgia”, relata dizendo que superou melhor a perda de cabelo e se sentia bem com o lenço, sempre unindo a uma boa maquiagem.

Depois de terminar o trata­mento, a dentista conclui que vários fatores são cruciais para auxiliar a paciente em tratamento: a presença da família, dos amigos e o apoio psicológico. Pensando nisso, resolveu auxiliar um colega psicólogo a montar o grupo de apoio. “A mulher sempre quer ser forte, mas precisa admitir que também precisa de ajuda”, afirma.

Passado o período difícil, ela se sente bem em ajudar outras mulheres e afirma que o modo de pensar muda depois de superar um câncer. Ela explica que o problema que era visto como gigantesco se torna pequeno, que existem coisas mais importantes na vida e que é necessário aprender a lidar com as outras pessoas, que muitas vezes não sabem o que falar e nem fazer.

Para Luciana, o maior pre­sente desse ano foi poder voltar a trabalhar depois de mais de um ano afastada. Segundo ela, voltar a rotina diária é sinal de superação. “A gente renasce das cinzas. Todos os dias”.

Ivanilde e Luciana foram fortes e venceram a doença

 

 

Fonte: Da Redação do PCI

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