Quando assisto (DVD) certos artistas, como: David Garret no Violino, YoYoMa no Violoncelo ou Lang-Lang no Piano, consigo “sentir”, intuir que eles estão vivendo uma experiência que eu nunca vivi, algo sublime, estratosférico, me parece que o controle das ações sobre os instrumentos deixaram de ser pelos músicos, mas por uma força maior, inominável.
Quando vejo o Mestre Ronaldo Stefanini pintando uma tela, “sinto” o mesmo, como que uma “FORÇA” movesse suas mãos, algo que é muito além do seu “EU”.
Posso assegurar que durante as performances artísticas os profissionais estão com suas mentes “ocadas”, vazias, sem pensamento, pois o ato de pensar, obstrui aquela força por alguns denominada de “participation mystique”.
Sinto algo próximo, quando escrevo ou medito.
Mas então, você pode me perguntar:
O que é um artista?
Artista é um ser humano mais elevado, ele é “coletivo”, alguém que carrega em si a vida psíquica inconsciente da raça humana.
Neste momento alguns me vem à mente:
Tolstoy, Shakespeare, Chaplin, Monet, Homero, Freud, Jung.........
Os grandes artistas contactam com as camadas mais profundas da psique humana, extraindo os afetos mais potentes como: dor, medo, violência, sexualidade, alegria, esperança.......trabalhando–as como artesão, expressando através delas a eterna essência dos Humanos.
Como Professor de Pós-Graduação no curso Arteterapia entendo que devemos valorizar muito a “fantasia”, afinal: O que é que é realmente importante para o coletivo, que veio a existir, sem antes ter sido uma fantasia?
Não apenas os artistas, mas todo indivíduo “criativo” deve à fantasia tudo que há de importante na sua vida.
O princípio dinâmico da fantasia é o “BRINCAR”, que aparece mais inocente e evidente e que parece até incompatível com o trabalho sério.
Mas, sem antes ter sido “brincado”, imaginado, fantasiado, nenhuma grande obra veio à luz.
Brincar, fantasiar são oásis na aridez do deserto da realidade.
O respeitável Psicanalista Carl Jung disse:
“O futuro das religiões estará à cargo dos artistas”.
Então, olhe para uma paisagem, diga o que você vê, depois diga o que você não vê.
Vamos brincar, afinal somos os escultores de nossas próprias vidas.
Antonio de Pádua Colosso é Educador, Psicanalista e Grupanalista.
Comentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.