Estava caminhando pelo Santa Marta, quando ouvi o instrutor de auto escola que me chama de “parceiro” falar em tom enérgico para sua aluna que se encontrava fazendo manobra: “ Larga mão de olhar para os outros e presta atenção nas balizas”.
Durante o restante da minha caminhada fiquei com aquela frase rodando na minha cabeça, chegando em casa fui procurar no dicionário a definição “técnica” da palavra “baliza”, e lá encontrei: “Estaca ou objeto que marca um limite”, “Estaca que serve de referência à navegação”.
Estou agradecido àquele professor porque desde então tenho pensado como nós humanos estamos necessitando de : “Limites” e “Referencias” para nossa navegação pela VIDA.
Creio que estamos como aquela aluna: “ Olhando para os outros e não prestando atenção para descobrir e identificar as “nossas” “balizas”.
Apontar os “Limites” sempre foi a mais importante das “FUNÇÕES PATERNAS”, no entanto, vejo em nossos dias, que tais funções estão amenizadas, quase neutras, pelo principal responsável por ela, os pais (não no sentido de casal, mas, como plural de pai).
O filhos (principalmente adolescentes) estão cada vez mais alienados, distantes das “FIGURAS PARENTAIS” vivendo num mundo tecnológico como que à parte do nosso mundo real.
As mulheres estão cada vez mais “poderosas”, independentes, preocupadas em elevação sócio/financeira/profissional e assim competem com os maridos não só no mercado de trabalho como na autoridade que “deveria” impor os “limites”.
Atualmente se pode tudo, na maneira de gastar (passa o cartão!), vestir, de falar, escrever, comportar.
A competição entre as pessoas “imaturas” é para ver quem fica mais “bizarro”.
Penso que culturalmente “derrubamos as balizas” e prestando atenção nos outros, perdemos as nossas balizas do bom senso, do bem viver, do navegar.
Agora totalmente Livres (sem balizas) precisamos urgentemente entender o que faremos com essa “Liberdade”.
Bem! Acho que joguei mais lenha na fogueira, mas caro leitor, compreenda meu “papel” não é oferecer respostas ou balizas (mesmo porque talvez eu também não as tenha), mas ampliar sua visão de mundo, fazê-lo “pensar” e descobrir as “suas balizas” para a “sua navegação”, afinal: NAVEGAR É PRECISO.
O autor é Psicanalista e possui Especializações em: Mitologias (CEFAS), Sonhos e Símbolos (SPAG), Ópera e Psicanálise (Unicamp), Transtornos Psicossomáticos (S.N.H), O Desenvolvimento da Existência - Winnicott (S.N.H), Neurociências e Psicanálise (Soc. Psicanalítica de Campinas), Psicoterapia Psicanalítica de Grupo (CEFAS), autor do Livro Lara e Leonora.