Há alguns anos a cidade de Itapira já deu alguns passos tímidos na criação de uma ciclovia ao longo da Avenida dos Italianos. De lá pra cá, a cidade cresceu bastante, em direção ao Loteamento Istor Luppi(Av. Mário Covas). Nesta longa avenida que liga este bairro ao dos Prados, vê-se cotidianamente pessoas caminharem no sol às margens da via. A meu ver, temos ali um eixo de grande potencial para uma via mais inclusiva, dotada de espaço mais definido para bicicletas, pontos de ônibus mais generosos, com linhas mais frequentes. O eixo poderia partir da Av. Mario Covas, afilar-se no trecho da Av. Brasil, emendar na Av. Italianos e desta até a Rua Ari W. Cremasco( a que segue margeando o córrego até o Jd. Soares). Todas essas vias são relativamente planas e, para que esse eixo ganhasse mais presença e identidade na cidade, seria preciso escolher uma via que vá dessas cotas mais baixas até a cota alta da Av. Getulio Vargas, para em seguida descermos às Avenidas Lions Club( trecho Santa Marta) e Av. David Moro( trecho Santa Bárbara). Se este eixo contasse ainda com arborização mais generosa, com mobiliário urbano, sinalização e iluminação distintos, certamente reforçaria o caráter de lugar de passeio e esportes de muitas dessas vias, mas também poderia reforçar os trajetos em transporte coletivo e os deslocamentos de médias distâncias– ajudando a desafogar outras vias centrais.

Como já disse, um dos pontos fundamentais da agenda do urbanismo diz respeito às formas de mobilidade para além do “paradigma do automóvel”, o que passa necessariamente por uma revalorização do transporte coletivo e pelo estímulo de formas outras de deslocamento. Estas reflexões gerais em algum momento têm de se tornar propostas e, neste sentido, deixo aqui uma minha. Aliás, vale sublinhar que as reflexões críticas se tornam mais produtivas quandotêm em vista projetos para um futuro.,

 

Paolo Colosso é arquiteto, tem graduação em Filosofia pela Unicamp. Atualmente faz mestrado em Filosofia na USP.