A publicação do parecer do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo relativas ao ano de 2013, o primeiro ano da administração Paganini, vem alimentando discussões, no seio oposicionista, comparando com as três contas rejeitadas pela Câmara Municipal e que tinham o parecer favorável do TCE com ressalvas. Para a oposição, os apontamentos sobre as contas de Paganini seriam as mesmas da administração anterior e que levariam os votos dos vereadores ao mesmo caminho: a rejeição. Na edição da semana passada, A Cidade deu em primeira mão a notícia do parecer do TCE. Naquela oportunidade, o secretário de Negócios Jurídicos e Cidadania, José Augusto Francisco Urbini, fez comentários sobre os pareceres técnicos e a decisão final dos conselheiros. A Primeira Câmara do Tribunal de Contas emitiu parecer favorável à aprovação das contas sem ressalvas.
Diante de alguns questionamentos sobre os apontamentos, o secretário disse que ainda não estava totalmente inteirado dos apontamentos e se comprometeu retomar o assunto nesta semana.
Voto político
Dentre as acusações frequentes, a oposição ao prefeito Paganini alega que a rejeição das contas do ex-prefeito Toninho Bellini teve o chamado voto político. Urbini, questionado, respondeu: “o voto do vereador é sempre totalmente político. É mais comum do que se imagina, por esse Brasil afora, o vereador integrante de uma comissão prolatar um parecer e quando o assunto entra em votação, o voto dele é contrário. Existe algum erro nessa atitude? Absolutamente não. O parecer da comissão deve ser técnico, mas o voto é político. E quem é que dá ao vereador esse voto político? O eleitor! Por esse motivo, é uma aberração a fala de que o ex-prefeito questionará juridicamente os vereadores pelos votos dados à rejeição das contas”.
Ao ser questionado sobre os comentários constantes sobre esse assunto na imprensa, Urbini sentenciou: “Faz parte do jogo político, me parece que é uma tentativa de interferir na posição política do vereador. Dada a forma como ela é feita, é possível que os mais desinformados sejam influenciados”.
Outro ponto observado pelo secretário é que cabe à Câmara julgar as contas do prefeito e que não há nenhum respaldo jurídico afirmar que os vereadores devem acompanhar o parecer do TCE seja quando favorável à aprovação ou quando diz o contrário: “Pensando assim, o parecer deveria vir como decisão final. Quando o TCE cancela uma licitação ou julga uma contratação irregular ele se manifesta sem a apreciação e votação dos vereadores. Uma coisa é o julgamento técnico, outra coisa é o julgamento político”. Lembrou que a Constituição Federal ao dar a prerrogativa aos vereadores tomou o cuidado de exigir dois terços dos membros para alterar o parecer emitido, a favor ou contrário à aprovação.
Não são situações semelhantes
Indagado se as contas de Paganini, em 2013, corriam o risco de serem rejeitadas pelos vereadores a exemplo do que ocorreu com as últimas contas do ex-prefeito Toninho Bellini, Urbini respondeu que não há como ficar prejulgando o que vai acontecer. Nem a administração municipal, nem terceiros, pode antecipar os fatos: “Ninguém pode prever como estará a composição do poder legislativo quando as contas entrarem em votação”. Nessa hora, Urbini aproveitou o gancho e contestou a ideia que vem sendo construída de que as contas de 2013 não serão votadas de imediato, atribuindo o fato como um processo para empurrar com a barriga para os próximos anos como consequência da adequação da LOMI: “a alteração da LOMI não foi para que a Câmara se adequasse para a votação das contas do Toninho Bellini, mas se adequasse à Constituição Federal. O STF determina que as contas sejam levadas ao plenário e votadas, nenhum prazo pode ser interposto, mesmo constando na Lei Orgânica do Município, que permita a manutenção do parecer do Tribunal sem votação. A LOMI estabelecia que caso as contas não fossem apreciadas em sessenta dias prevaleceria o parecer do TCE. O que não é permitido. Não existe previsão para que o TCE encaminhe o processo para a Câmara Municipal. Quando a mesa diretora recebe o processo, por exigência constitucional, primeiramente deverá colocar as contas à disposição dos contribuintes durante sessenta dias. Só depois disso é que a comissão de finanças poderá dar o parecer legislativo oferecendo ao prefeito o amplo direito de defesa”.
Urbini lembrou que o Tribunal demora a encaminhar as contas para a Câmara: “A demora é normal, acredito que as contas de 2013 serão as únicas a serem apreciadas pela legislatura atual. As últimas três contas de Bellini só aportaram na Câmara depois que o mandato dele terminou e foram apreciadas pelos vereadores atuais”.
Sobre as contas de 2013, Urbini disse ainda que a Prefeitura não pode dizer como elas serão recebidas pelos vereadores quando entrar em votação, mas que poderia se manifestar dizendo que as situações não são semelhantes: “as contas do Paganini foram aprovadas na íntegra. Isso é fato. As contas da administração anterior não foram aprovadas na íntegra. Na situação atual, o único parecer contrário, do MPC foi considerado pelo diretor geral como irrelevante e não foi acolhido pelos conselheiros que não incluíram os apontamentos do MPC como uma ressalva e nem projetou qualquer encaminhamento ao Ministério Público”.
Sem ressalvas
Para Urbini, alguns equívocos vêm sendo cometidos por algumas pessoas em relação ao termo ‘ressalvas’. Ele explicou que quando o parecer do TCE menciona “exceção feita aos atos pendentes de apreciação” está se referindo aos assuntos apartados, geralmente contratos de grande monta que são analisados pelo tribunal em separado, mas que integram as contas da administração e estes, quando julgados irregulares, não dependem da apreciação dos vereadores por se tratar de análises eminentemente técnicas: “Nesse aspecto é dever relembrar que a administração anterior teve vários contratos julgados irregulares: coleta de lixo e roçagem, merenda escolar, agência de comunicação, zona azul, publicação de atos oficiais, escritório de advocacia, projeto Bola pra Frente...”.
O secretário diz que as pessoas que vêem igualdade nos pareceres talvez estejam analisando os apontamentos e as recomendações dos assessores técnicos como sendo o parecer final. Urbini explicou que os pareceres técnicos se pautam num roteiro padrão, cada qual com o seu parecer, para municiar a apreciação dos conselheiros que produzem o relatório, o voto e o acordão, que é a decisão final.
O parecer do Ministério Público de Contas
Finalmente, Guto Urbini explanou sobre o parecer do Ministério Público de Contas que apontou descompasso nas informações motivado pelo sistema de informática adquirido pela administração anterior e que apresentava falhas e o déficit de 1,49%. Sobre o apontamento das divergências nas informações, o secretário disse que o parecer reconheceu que a prefeitura já tinha tomado providências para contratar um novo sistema. Sobre o déficit, explicou, que os conselheiros acolheram o parecer do diretor-geral do tribunal que relatou que o 1,49% não tinha o condão de impactar orçamentos futuros, pois equivalia a menos da metade de um único mês de arrecadação. Diante do questionamento sobre a origem desse déficit, Urbini explicou que veio do setor de saúde em face da grave situação que a administração Paganini herdou quando assumiu o comando: “Houve a necessidade de contratar mais servidores, revitalizar o HM e aumentar os atendimentos nas UBS”.
O secretário finalizou as explanações dizendo que os apontamentos do Tribunal de Contas são naturais e orientadores: “dificilmente um prefeito, de Itapira ou de qualquer outra cidade, passa o mandato sem ter apontamentos ou problemas com as licitações ou com os contratos firmados. A legislação é muito complexa. O problema é maior quando o prefeito ignora as recomendações, insiste nos erros e provoca danos irreparáveis ao município. No caso do prefeito Paganini, o parecer final do TCE aprovou as contas sem ressalvas”.
Comentários, artigos e outras opiniões de colaboradores e articulistas não refletem necessariamente o pensamento do site, sendo de única e total responsabilidade de seus autores.