Kaíque Barbosa tem 16 anos e um grande sonho : poder trabalhar. Morador no bairro José Tonolli com mais quatro irmãos ( três meninas, das quais somente uma trabalha) ele enfrenta uma dificuldade adicional para jovens com sua idade, os quais, ingressam no mercado de trabalho via entidades como o Jovem em Ação e A Guarda Mirim.Portador daquilo que é conhecido como “Deficiência Intelectual”, Kaíque frequenta há vários anos a APAE de Itapira. “ Estou muito ansioso para me qualifica, expandir meus conhecimentos”, confidenciou para o jornal A Cidade.
Ele é uma das 20 pessoas matriculadas num curso especialmente elaborado para pessoas com este perfil e que tem início a partir desta segunda-feira na unidade local do SENAC. Chamado de Trampolim ( dentro do Programa Educação Para o Trabalho que a unidade local do SENAC há vários anos vem realizando gratuitamente na cidade ) este programa tem como objetivo permitir a inclusão destas pessoas, “ampliando sua capacidade de gerir a própria vida, de se relacionar, favorecer a convivência, a geração de renda e a inserção no mercado de trabalho”, esclareceu a gerente do SENAC Karina Marcon Dalprat Pinto. Ela observa ainda que “as oportunidades de qualificação e inserção no mercado de trabalho são raras para pessoas com deficiência”, daí o entusiasmo com que a direção do SENAC aposta nesta iniciativa.
Claudia Regina de Oliveira Delavia, gerente da APAE conta que este “namoro” entre a entidade e o Senac foi intermediado pela Rede Social. “ Quando passamos frequentar encontros da Rede especificamente voltados para a questão dos portadores de deficiência, fomos amadurecendo a ideia”, revelou. Foram estabelecidas como condições essenciais para frequentar o curso matrícula somente de deficientes intelectuais maiores de 16 anos. Tanto Claudia como a gerência do SENAC informaram que o corpo docente que vai se incumbir das aulas é constituído por profissionais já familiarizados com este tipo de clientela.
A assessoria de comunicação do SENAC informou que a grade será dividida em 3 módulos: Integração, Tecnologia e Letramento e Instrumentais. No módulo Integração os alunos aprenderão sobre plano profissional, ética, cidadania e sustentabilidade, redes sociais, atitude empreendedora, qualidade profissional. Já no módulo Tecnologia e Letramento ensinará sobre comunicação e ferramentas eletrônicas, comunicação verbal, letramento e situações cotidianas. No Instrumentais as matérias versarão sobre desenvolvimento humano e pessoal, atitude empreendedora, sistemas organizacionais, atendimento ao cliente e visitas técnicas. O programa terá um total de 550 horas. As aulas serão ministradas de segunda a quinta-feira, sempre das 13h00 às 16h00.
Precedente
Embora a parceria com o SENAC seja encarada como uma grande novidade no aperfeiçoamento do conteúdo ministrado , a gerência da APAE revelou que já existe precedente na inclusão de pessoas assistidas pela entidade no mercado de trabalho . Claudia estima que pelo menos três alunos já trabalham. “ Um dos pilares do processo de inclusão social é conseguir uma ocupação remunerada para estas pessoas. Diante das nossas limitações e contando acima de tudo com a boa vontade e a benevolência de alguns empresários, conseguimos arrumar emprego para alguns dos nossos. Mas temos a convicção de que o processo de formação feito pelo SENAC vai resultar num processo mais visível desta política de inclusão. Até mesmo porquê o SENAC certifica as pessoas que fazem o curso”, encerrou a gerente.