Professor de Sociologia apoia políticas de inclusão da minoria negra

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20/11/2013 | Professor de Sociologia apoia políticas de inclusão da minoria negra

Embora Itapira seja uma cidade com profunda ligação cultural com a questão dos afrodescendentes, esse movimento social nunca teve um questionamento crítico por parte de membros da própria comunidade negra da forma com que um filho jacutinguense radicado na cidade tem feito ao longo dos últimos anos. Trata-se do professor de Sociologia e Antropologia, Ediano Dionísio do Prado, 40 anos, graduado em Ciências Sociais pela USP (Universidade de São Paulo) e com mestrado em Sociologia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Ele é professor do IESI (Instituto de Ensino Superior de Itapira) e da Faculdade São Francisco, em Mogi Guaçu.

Apesar de ter nascido em Jacutinga, veio morar em Itapira - na colônia da Usina Nossa Senhora Aparecida – com 10 anos de idade e por isso se considera um pouco itapirense. O convívio com trabalhadores rurais serviu de inspiração para seu trabalho de dissertação que garantiu o curso de Mestrado na Unicamp. Estudioso dos fenômenos que resultam nas desigualdades sociais, acabou, por conta de um relacionamento afetivo com uma mulher afrodescendente a enxergar com um olhar mais acurado a problemática do tratamento, segundo ele, muitas vezes preconceituoso que a sociedade reserva para pessoas negras ou descendentes.

Seu trabalho acadêmico ganhou a partir de então um forte componente de engajamento em favor da causa dos negros, com a publicação de inúmeros artigos sobre o tema e convites para debater este fenômeno. Em relação ao repentino surto de iniciativas por parte do Poder Público, cujo principal objetivo seria o de mitigar décadas de exploração da comunidade negra, com o surgimento da reserva de quotas em universidades federais, em concursos públicos e mais recentemente, uma iniciativa que transita no Congresso Nacional propondo também reserva de cadeiras para afrodescendentes, Prado diz que se trata de uma questão muito complexa, visto com reserva por setores da sociedade que defendem que ela acaba com a questão do mérito em detrimento da criação de um mecanismo que discrimina outros grupos. “Sob um exame estritamente histórico, não há como negar que a libertação dos escravos da forma como foi feita, criou uma outra forma de servidão na medida em que os libertos permaneceram em sua grande maioria numa condição de elevada miserabilidade. Além disso permaneceu enraizado na sociedade ao longo de todos estes anos um preconceito que coloca a população negra em condição de inferioridade do ponto de vista das oportunidades no trabalho, em escolas e outras formas de discriminação menos evidentes. Avaliando esta conjuntura do ponto de vista de se reparar estas injustiças, as políticas de quotas são perfeitamente justificáveis”, defende.

Quando lembrado que muitas pessoas com aparência física bastante diferente do negro tradicional se candidatam às vagas destinadas à minoria, causando uma certa desconfiança de que estes instrumentos estariam sendo desvirtuados em sua finalidade, Prado volta a argumentar que “é uma questão que merece uma análise mais aprofundada”. Ele diz que tem dois filhos de mãe negra e que ambos têm fisionomia distinta, um mais afeiçoado à mãe e outro mais afeiçoado a ele próprio. “Evidentemente que existe o risco de haver práticas abusivas por parte de pessoas que querem se beneficiar deste processo, mas é preciso levar em conta também esta questão da hereditariedade que se manifesta muitas vezes de uma forma não tão previsível como muita gente imagina que ocorra”, frisa. “Como disse, trata-se de uma questão que caminhará necessariamente para um estágio de amadurecimento. Acredito que com o passar dos anos todo este processo se tornará muito natural aos olhos da sociedade a ponto de, lá na frente, estes sistemas de quotas se tornarem obsoletos, desnecessários”.

Dia da Consciência Negra: feriado em mais de 100 cidades paulistas

Comemorado há mais de 30 anos por ativistas do movimento negro, o dia 20 de novembro foi incluído em 2003 no calendário escolar nacional. Contudo, somente a Lei 12.519 de 2011, instituiu oficialmente o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

A data é feriado em mais de mil cidades brasileiras. Nos estados de Alagoas, Amapá, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, o feriado foi instituído por uma lei estadual.

Em São Paulo a decisão de instituir feriado no dia 20 de novembro ficou a cargo dos municípios. Desta forma são mais de 100 municípios que terão feriado na próxima quarta-feira. A relação de cidades que instituíram o Dia da Consciência Negra tem Aguaí, Águas da Prata, Águas de São Pedro, Altinópolis, Americana, Américo Brasiliense, Amparo, Aparecida, Araçatuba, Araçoiaba da Serra, Araraquara, Araras, Arujá, Atibaia, Bananal, Barretos, Barueri, Bofete, Borborema, Buritama, Cabreuva, Caieras, Cajamar, Cajobi, Campinas, Campos Do Jordão, Canas, Capivari, Caraguatatuba, Carapicuíba, Charqueada, Chavantes, Cordeirópolis, Cubatão, Diadema, Embu, Embu das Artes, Estância de Atibaia, Flórida Paulista, Franca, Franco da Rocha, Francisco Morato, Getulina, Guaíra, Guarujá, Guarulhos, Hortolândia, Ilhabela, Itanhaém, Itapecerica da Serra, Itapeva, Itapevi, Itararé, Itatiba, Itu, Ituverava, Jaguariúna, Jambeiro, Jandira, Jarinu, Jaú, Jundiaí, Juquitiba, Leme, Limeira, Mauá, Mococa, Olímpia, Paraíso, Paulo de Faria, Pedreira, Pedro de Toledo, Pereira Barreto, Peruíbe, Piracicaba, Pirapora do Bom Jesus, Porto Feliz, Praia Grande, Ribeirão Pires, Ribeirão Preto, Rincão, Rio Claro, Rio Grande da Serra, Salesópolis, Salto, Santa Albertina, Santa Isabel, Santa Rosa de Viterbo, Santo André, Santos, São Bernardo do Campo, São Caetano Do Sul, São João da Boa Vista, São Manuel, São Paulo, São Roque, São Vicente, Sete Barras, Sorocaba, Sumaré, Suzano e Taboão da Serra.

Fonte: Da Redação do PCI

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