Natasha Samji tem 33 anos (completa 34 no próximo dia 13 de maio) e há sete anos é professora de inglês. Ela atua em uma renomada escola de línguas e trabalha com grupos de aproximadamente 17 alunos de diferentes níveis linguísticos. O perfil não teria nada de diferente se a escola de atuação de Natasha não fosse a ILAC (Internacional Language Academy of Canada), localizada em Toronto, no Canadá, onde reside.
Seu pai é do Kenya e sua mãe nasceu na Uganda, ambos países do Leste Africano. Ela cresceu e foi educada no Canadá, na Inglaterra, na França e brevemente na África Central, acumulando um amplo conhecimento linguístico e cultural.
Na primavera de 2007, a então assistente de gerência recebeu a oportunidade de se tornar professora em uma escola internacional de Vancouver, onde morava na época. Apesar da nova profissão não ter constado em seus objetivos anteriormente, ela se preparou para tal e partiu para a nova missão.
Aos poucos, começou a se entregar para o novo ramo e se apaixonou pela oportunidade de poder passar seu conhecimento aos alunos e também conviver com pessoas de todas as partes do mundo. “Nunca esteve nos meus planos me tornar professora, mas hoje vejo que essa é uma grande oportunidade de vida. Cada aluno que passa pela minha sala me oferece a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre seu país, sua cultura e seus costumes. É fantástico”, confidenciou.
Durante todo o tempo de atuação na área de ensino, recebeu diversos convites de diferentes pessoas para conhecer o Brasil e demais países da América Latina, mas a vontade de ingressar em um intercâmbio foi surgir somente depois do verão de 2012, quando o sócio-proprietário da Jet Incorporated, Gustavo Cescon, foi um de seus alunos e a convidou para conhecer sua escola em Itapira. “Cerca de 30% dos meus alunos são brasileiros que estão em intercâmbio. Naquele verão, após uma semana de aula, Gustavo me abordou e me disse que tinha uma escola aqui em Itapira e se eu não me interessava em fazer uma visita para conhecer o país, a cidade e até dar algumas aulas”, contou.
Naquele momento ela disse não ter levado a conversa muito a sério e somente algum tempo após o fim do curso que começou a pensar melhor no assunto e foi quando entrou em contato com o itapirense para acertar sua vinda para o Brasil. “Eu fiquei interessada pelos costumes e pela cultura brasileira. Vi o convite como uma oportunidade e aprender com os alunos brasileiros, inclusive a língua portuguesa. Além disso, era uma excelente oportunidade de viajar e conhecer alguns locais do Brasil e da América Latina, onde estou pela primeira vez”.
Natasha chegou em Itapira no dia 27 de fevereiro. No Carnaval, foi conhecer o popular Bloco do Urso da cidade mineira de Santa Rita do Sapucaí. Na semana seguinte, com o retorno das aulas, passou a integrar o corpo docente da Jet e lecionar para todos os grupos de alunos, desde os níveis básicos aos avançados. Em poucas semanas, a canadense manteve contato com crianças, jovens e adultos e classificou a experiência como ‘diferente’. “Eu sou a única na sala de aula que não fala português. No Canadá leciono para salas de aproximadamente 17 alunos, cada um de um país diferente, com culturas diferentes, mas todos falam inglês. Aqui é um novo desafio para mim e para eles. É uma dinâmica engraçada, pois estamos ensinando uns aos outros ao mesmo tempo. Só é uma pena, pois gostaria de poder passar mais tempo com cada grupo, ensinar tudo aquilo que sei”, disse.
Sobre o Brasil, Natasha Samji disse que ainda é cedo para tecer opiniões, mas ficou impressionada com a receptividade calorosa dos brasileiros, em especial dos itapirenses, que a receberam de braços abertos. “É interessante, porque eu não falo português – mas estou melhorando a cada dia – e dependendo do lugar que vou muitos não falam inglês. Mesmo assim, todos se esforçam muito para que possamos nos comunicar. Eles me ajudam com tudo e são super pacientes”, ressaltou.
Pela primeira vez em uma cidade pequena, a canadense destacou a proximidade dos moradores e a facilidade de encontrar conhecidos em todo o lugar. “Aqui todo mundo conhece todo mundo, encontro com pessoas conhecidas em todos os lugares e conheço até os pais de meus alunos, isso é muito legal”. Em seu tempo livre, Natasha gosta de ir à academia, ler, sair com os amigos, ouvir música e viajar. Ela também confidenciou o gosto especial pela gastronomia e afirmou ter “adorado” a comida brasileira por ser fresca e saborosa, mesmo o cardápio simples do dia a dia. “Toronto é comparada com São Paulo, ou seja, muita correria e ritmo acelerado. Muitas pessoas sequer têm tempo para sentar e fazer uma refeição adequada e essa é uma grande chance para mim”, brincou.
Com o objetivo fixo de aprender a língua portuguesa, a professora estrangeira tem se dedicado aos estudos através de programas de computadores, DVD’s e, principalmente, com o bate papo com colegas e alunos. ”Eu preciso aprender, afinal para qualquer lugar que eu for eu preciso me comunicar. Meu objetivo é aprender o quanto for possível”, lembrou.
Com estadia programada até julho, ela vai aproveitar a oportunidade para viajar. Nos próximos dias embarcará para o Rio de Janeiro. Em seus planos ainda estão conhecer a Capital paulista e o Nordeste do país, além de outros países da América Latina, como Chile e Colômbia, onde também tem amigos. “A minha sorte é que tenho bons chefes aqui que me permitem uma flexibilidade de horários”, divertiu-se durante a entrevista.
Em sua experiência inédita, Natasha Samji espera poder transmitir parte de seu conhecimento da língua inglesa e também aprender a falar o português. E em pensar em ficar tanto tempo longe de casa, ela revela que o intercâmbio tem uma parte difícil: ficar longe da família e dos amigos. “Muitas vezes sinto falta da minha família, dos meus amigos, de falar com eles. Apesar de ser uma excelente experiência conhecer um país novo, lugares e pessoas novas, aprender mais, isso não significa que seja fácil ficar longe das pessoas que amo”, confidenciou.
Apesar da saudade, a canadense reafirmou que irá tirar o máximo de proveito desse período em solo brasileiro e revelou que “nenhum plano está certo ou assinado”, dando a entender que sua passagem por Itapira pode até ser estendida. “Provavelmente estarei no Brasil na Copa do Mundo. Adoro futebol e alguns amigos virão para cá. Depois, quem sabe”, instigou.
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