Às vésperas da realização do II Fórum Municipal do Lixo, a forma pela qual o problema na cidade será tratado pela futura administração foi abordada pela bióloga Maria Odete Mello, presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente (CONDEMA). Ela acusa a atual administração de falta de transparência na abordagem do assunto e na sua opinião “são grandes as chances de que o município passe a gastar a partir do ano que vem duas vezes mais do que gasta hoje para dar destinação correta ao lixo doméstico”.

 

Ela colocou sob suspeição os argumentos usados pela Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente de que um projeto de ampliação da capacidade do atual aterro sanitário deverá ser em breve aprovado pela CETESB. “O que sabemos é que foi pedido um prazo de prorrogação da atual licença e que existe de fato um projeto de ampliação  tramitando junto ao órgão. Agora, nada garante que tanto um pedido como o outro terão a aprovação desejada. Existem fortes suspeitas de que o projeto contratado para a ampliação da capacidade do aterro foi mal formulado. E a questão que fica e aquilo que  parece mais plausível no momento é de que outra solução terá que ser contemplada, sinalizando que por falta de planejamento, o município poderá desembolsar até duas vezes mais do que gasta hoje para resolver o problema, ou seja, vamos tirar dinheiro da educação, da saúde para gastar com lixo”, argumentou.

 

O  Secretário de Agricultura , Abastecimento e Meio Ambiente, Joaquim Barbosa Junior contestou as afirmações de Odete. Segundo ele o projeto elaborado atende às necessidades do município por pelo menos quatro anos. “ Querer achar que a CETESB não irá aprovar o projeto é exercício de futurologia. Além do mais o procedimento mais correto é o de pedir a prorrogação  da licença para operação do atual aterro enquanto as obras de ampliação não começam”, rebateu. Indagado a respeito do motivo pelo qual não levou ao conhecimento do Condema as tratativas para prolongar a vida do aterro atual, Barbosa Junior voltou à carga com o argumento que já havia utilizado em outro assunto polêmico envolvendo sua pasta e o Condema – o do caso dos Jatobás derrubados num terreno nas imediações da região central da cidade. Segundo ele se toda ação tiver que ser submetida ao Condema “a administração não anda”.

 

 

Além disso, mencionou que para todos os efeitos o município já havia se antecipado a eventuais problemas com o aterro sanitário ao aderir ao Consórcio Intermunicipal formado por 12 cidades do circuito das Águas. “O consorceamento é o futuro. A maioria dos municípios terão que partir para este caminho já que os custos para manutenção deste tipo de atividade são muito elevados”, ponderou. Maria Odete disse que pessoalmente não é contra a criação dos consórcios, mas também cobra com relação a este assunto maior transparência da SAMA. “O que temos de informação é que até o presente momento as cidades consorceadas dispõem de uma usina de transbordo onde o lixo das cidades que aderiram ao consórcio é dirigido a um aterro autorizado pela CETESB . Agora , quanto isso iria custar para Itapira? Caímos na mesma questão anterior, da elevação dos custos. Nossa crítica se fundamenta na falta de ação da Prefeitura para assuntos delicados e importantes. A questão da coleta seletiva, por exemplo, vinha sendo cobrada desde 2005. Neste tempo todo quanto de lixo reciclável foi parar no aterro sanitário?”, devolveu.

 

O Jornal A Cidade tentou ouvir representantes da futura administração municipal a respeito do assunto. Até o fechamento desta edição as respostas a um questionário endereçado ao futuro Prefeito José Natalino Paganini não haviam sido remetidas de volta.

 

 

O atual aterro sanitário estaria com a vida útil comprometida segundo experts no assunto