Enquanto as principais montadoras de veículos concedem férias coletivas e suspendem temporariamente contratos de trabalho de milhares de trabalhadores por conta na queda das vendas de carros novos, em Itapira o discurso adotado pela maioria das revendas é de otimismo. “No nosso caso o desempenho das vendas até que está bastante razoável”,comentou Luiz Soares, gerente da Divem Veículos, distribuidora autorizada Ford.
Soares disse que não está alheio ao noticiário indicando uma crise no setor, mas prefere ver a coisa pelo lado otimista. “A Ford está renovando sua linha e isso ajuda a alavancar as vendas”. Ainda segundo Soares a venda de seminovos também sinaliza com um bom desempenho.
Para Eduardo Breda, 48, gerente da Miranda, revendedora Volkswagen da cidade, o momento é de preocupação. “Se você olhar para a indústria automobilística como um todo, vai observar que o setor passa por um momento desfavorável como há tempos eu não via. Dentro da concessionária a gente tem que trabalhar duro para reverter este quadro. Durante a Copa do Mundo os negócios esfriaram de forma preocupante. Depois já houve uma pequena reação em julho e esperamos que esta recuperação seja consistente”, deseja.
Breda disse ainda que torce para que todo o conjunto da economia melhore. “A gente sempre torce para que as nossas autoridades tomem as medidas necessárias para que a economia melhore seus indicadores, porque uma coisa puxas a outra”, avaliou.
Renato Olbi, gerente da Fattore Fiat, disse que os resultados de julho foram excelentes. “A gente ouve falar em crise do setor, mas não nos deixamos contagiar por este tipo de comentário. O mercado a gente faz aqui dentro da loja”, propõe. Pensamento igual demonstrou Rômulo Leão Nogueira de Faria, gerente de vendas da Artvel, revendedor Chevrolet da cidade. “O mercado deu uma esfriada, mas nós da loja não podemos ficar presos a esse tipo de constatação. Nosso trabalho é pautado na maior motivação possível e os resultados provam isso. No contexto geral, temos tido um bom desempenho e vamos melhorá-lo ainda mais”, projeta.
Rômulo: equipe motivada
Na indústria cenário é de desolação
Se nas revendas os agentes de vendas se esforçam para passar uma mensagem de otimismo, o mesmo não pode ser dito nas indústrias que gravitam em torno do setor automobilístico. O empresário Egídio Moitinho, 53, proprietário da Indústria de Suportes Brasil, empresa que fornece dispositivos para grandes fornecedores das montadoras como a Tenecco e a Magneti Marelli, disse que tem pouca coisa para comemorar no momento em que sua empresa completou dez anos de funcionamento na cidade.
Ele conta que já chegou a empregar 100 funcionários e hoje tem cerca de 60. “Caíram as encomendas, caiu o faturamento. Todo o dia eu tenho que me reinventar, arrumar uma forma de irrigar o caixa da empresa”, lamenta. Os recentes anúncios de férias coletivas no meio do ano e lay-offs sinalizam com dias piores, segundo ele. Além disso tudo Motinho prega contra a elevada taxa de impostos. “Somando os diversos impostos, sem falar na folha de pagamento, quase 30% do que eu faturo vai para o governo. Chega época de eleição e todos os candidatos prometem o mesmo: uma reforma tributária, desoneração da folha de pagamento e depois da eleição nada acontece. Enquanto isso nossos competidores externos se beneficiam desse quadro, invadindo nosso mercado. Infelizmente as coisas estão indo numa direção muito perigosa”, advertiu.
Reação
Moitinho disse que apesar do cenário tenebroso, espera por uma reação do mercado. Confidenciou que vem realizando um trabalho que deve credenciar sua empresa como uma das fornecedoras da nova planta da Fiat em Pernambuco . “É um processo que demanda intenso contato, investimento em pessoal, em tecnologia e que necessita de muita paciência para ser maturado. Eu acredito, sou otimista por natureza, mas se não houver uma mudança de tendência na economia do país, as coisas ficarão ainda mais difíceis”, prevê.
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Itapira, 23 de Novembro de 2024
19/08/2014 | Revendedoras apontam para uma reação nas vendas de veículos novos
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