Na semana passada, um comunicado do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgotos), declarando sigilo sobre os resultados da sindicância 02/2014 e seus desdobramentos, dizendo que por conta desta condição, a autarquia não mais se pronunciaria sobre o assunto até que os atos subsequentes à sindicância estivessem concluídos, foi publicado na imprensa. Dizia, ainda, que a declaração de sigilo aconteceu para que o procedimento possa ter continuidade sem dar margem a conclusões precipitadas e sem expor as pessoas envolvidas. Finalizou informando que tinha dado origem a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e um enigmático “outros procedimentos”.
Desde o recebimento desse comunicado, a reportagem do jornal A Cidade vem tentando falar com o presidente do SAAE, José Armando Mantuan, para obter informações sobre o PAD e o que seriam os “outros procedimentos” apontados no comunicado. Mantuam, em face de uma intervenção cirúrgica, ficou impossibilitado de receber a imprensa, e só concedeu entrevista nesta sexta-feira, 06.
Rememorando os acontecimentos
Depois de ser nomeado pelo prefeito José Natalino Paganini (PSDB) em 20 de junho de 2013 para assumir a presidência do SAAE, o engenheiro José Armando Mantuan, percebendo alguns procedimentos estranhos na área administrativo-financeira, como por exemplo , recebimento de contas na autarquia e o dinheiro guardado em gavetas, substituiu o diretor administrativo financeiro e o chefe da Divisão Comercial, cujas portarias foram assinadas no dia 02 de julho. Onze dias depois, o SAAE publicou na imprensa local informando que a partir do primeiro dia de agosto não receberia mais as contas de água na sede. Em agosto, o SAAE contratou uma empresa especializada para auditar os exercícios de 2008 a 2013.
No final de março de 2014, o presidente do SAAE, em entrevista coletiva, falou das inconsistências encontradas pela auditoria e que indicavam fortes indícios de desvio de dinheiro público, mas que nada poderia ser feito antes de uma investigação profunda coordenada por uma sindicância interna.
Processo Administrativo Disciplinar
Na tarde desta sexta-feira, Mantuan, extremamente cauteloso, informou que o PAD está protegido pelo sigilo declarado para garantir que nenhuma informação precipitada venha expor as pessoas envolvidas. Disse que esse também deverá ser o procedimento do Ministério Público, a quem caberá dar sequência às investigações, já que o SAAE não dispõe de instrumentos necessários para a conclusão das averiguações.
Como Mantuan já tinha informado na coletiva realizada em março deste ano, agora confirmada pela sindicância interna, vários documentos contábeis estão desaparecidos. A sindicância foi encerrada no dia 23 de maio, cinco dias depois, no dia 28, o processo com cerca de 14 volumes já estava nas mãos do Ministério Público.
Mantuan, ao final da conversa, depois de reconhecer que a população tem o direito de saber e o SAAE a obrigação de informar, sem nominar os envolvidos, nem fazer julgamento prévio, contou que a sindicância apurou que R$ 2,2 milhões podem ter sido desviados da autarquia. Explicou que o termo pode está sendo usado por conta da falta de documentos que providencialmente sumiram dos arquivos, cujo acesso era limitado. “No entanto, posso afirmar que R$ 320 mil foram parar no bolso de alguém, pois na conta do SAAE não entraram”, disse.
Ao ser questionado como ele pode garantir que houve desvio, rapidamente respondeu. “Quando você recebe R$ 50 mil, entrada registrada no caixa, e saída correspondente é de R$ 20 mil, é possível garantir que R$ 30 mil foram desviados”, frisou. “Considerando o que foi verificado e analisado, não me surpreenderei diante da comprovação que o rombo entre 2008 e 2012 chegou aos R$ 2,2 milhões.”
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Itapira, 22 de Novembro de 2024
08/06/2014 | Rombo no SAAE pode superar os R$ 2 milhões
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