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Itapira, 28 de Novembro de 2024
Notícia
17/04/2013 | Santa Casa passa oferecer apenas duas vagas na UTI.

 

Um assunto tem tirado o sono de muitos itapirenses neste começo de semana, principalmente, aqueles que pagam o plano de saúde da Unimed Regional da Baixa Mogiana. A boataria de que a Santa Casa de Misericórdia, que passa por séria crise financeira, teria fechado sua Unidade de Terapia Intensiva (UTI), fez com que a entidade se manifestasse por intermédio de sua coordenadora de Enfermagem, a enfermeira Jaqueline Galli de Souza.

Ela negou que o serviço de UTI tenha sido desativado. Explicou que por medidas de contenção de despesas foi decidido em conjunto pela direção da Santa Casa, e de seu do Corpo Clínico, que ficariam disponibilizados somente dois leitos para os pacientes. “Um estudo demonstrou que a média de utilização é de um paciente por dia”, justificou. Questionada a respeito de problemas registrados no domingo quando um paciente com AVC precisou ser encaminhado para o Hospital São Francisco, em Mogi Guaçu por falta de vaga, ela afirmou que o fato ocorreu porque as duas vagas disponibilizadas estavam ocupadas naquele momento.

Jaqueline garantiu que o paciente em questão teve todo o atendimento necessário até que seu caso tivesse as condições necessárias de uma remoção. Ainda segundo ela, a decisão de se reduzir o número de leitos teve a retaguarda de hospitais de Mogi Mirim e Mogi Guaçu, com a intermediação da direção da Unimed da Baixa Mogiana. “Temos condições, em não havendo vaga no momento, de executar todos os procedimentos médicos necessários que assegurem uma remoção quando isso se fizer necessário”, reafirmou.

Desencontros

Desde a manhã de segunda, quando parentes e conhecidos do paciente com AVC levaram a informação de que a Santa Casa tinha fechado a UTI por falta de verba para mantê-la em funcionamento (essa informação, segundo os reclamantes, foi passada por funcionários do hospital) a reportagem do jornal A Cidade/PCI buscou a confirmação da notícia.

Alguns integrantes da atual mesa diretora ao serem questionados informaram que o fechamento da UTI era improcedente. Um deles afirmou que esse tipo de decisão só é possível mediante a aprovação da mesa diretora, como tal fato não tinha sido apreciado e ninguém tem competência para fazê-lo, sob pena de infringir gravemente o estatuto da instituição, a UTI continuava ativa. Disse ainda que naquela noite de segunda-feira a mesa diretora se reuniria, caso o assunto fosse abordado e alguma decisão diferente fosse tomada, no dia seguinte haveria manifestação oficial, dada a importância da matéria.

A reportagem procurou na mesma tarde de segunda a provedora da Santa Casa, Sra. Maria de Lourdes Levatti Piva que informou, por telefone, que a UTI poderia sofrer alterações retornando aos moldes de como funcionava antigamente, adotando o sistema semi-intensivista.

À noite, enquanto transcorria a reunião na Santa Casa, foi ouvido um médico do corpo clínico não participante da mesa e que preferiu não ter seu nome identificado, que disse não estar totalmente a par das decisões, mas tinha informações de que o hospital adotaria uma unidade para atender os casos mais graves quando a remoção imediata oferecesse risco de vida, e completou: “Aliás, o caso do paciente com AVC nessa madrugada, só foi removido para outra cidade quando apresentou condições para isso”.

Na manhã de terça-feira, no retorno ao contato, um dos representantes contatados anteriormente confirmou que o assunto UTI não tinha entrado em pauta, mas tinha sido abordado em face dos comentários que rolavam pela cidade. Pouco foi discutido e nada decidido, logo o entendimento dele era de que nenhuma alteração aconteceria no setor UTI.

Na tarde desta quarta-feira ao ser informado que a coordenadora da enfermagem havia dito que a redução de vagas da UTI tinha sido tomada em conjunto pela direção da Santa Casa e de seu do Corpo Clínico, esse mesmo integrante da mesa garantiu: “absolutamente, se confirmada essa decisão, ela nasceu do administrador, Sr. Aldo Piva, da provedora, Sra. Maria de Lourdes Levatti Piva, e do diretor clínico José Eduardo Bruzasco. A mesa diretora não deliberou sobre esse assunto. Trata-se de um caso grave que pode ter inúmeras consequências. Não acredito que nenhum membro da mesa tomasse tal decisão de forma intempestiva, colocando em risco a vida das pessoas.”, desabafou. Disse ainda “caso fosse colocado em discussão, o primeiro ponto a ser decidido seria o tempo, jamais de uma hora para outra. Outra questão é que não há necessidade de se deixar apenas dois leitos, poderiam ser seis ou oito no sistema semi-intensivista, a estrutura está lá, desde que os médicos absorvessem as responsabilidades pelos pacientes em situações que requererem cuidados especiais.” E concluiu: “outras propostas poderiam ser discutidas ou analisadas, como por exemplo, a terceirização que transformaria o prejuízo em lucro. Em qualquer hospital, a UTI é lucrativa, por que aqui é deficitária.”

Ao ser questionado sobre a demanda, explicou: “no caso de terceirização a empresa que assumisse é que cuidaria disso, certamente venderia para outras cidades.”

 Especialista

Um especialista ouvido pela reportagem informou que a UNIMED é obrigada, contratualmente, a oferecer o serviço de UTI aos conveniados quando necessário. “Deve ser por isso que a questão ficou embolada” e advertiu: “o hospital não poderia alterar ou desativar a UTI de forma tão apressada, a comunidade deveria ser informada com pelo menos trinta dias de antecedência, até para que os eventuais descontentes com o convênio pudessem buscar alternativas. Dá para ficar na dúvida se em caso de necessidade vai ter ou não a vaga? Isso é muito sério.”

Outro fator grave apontado por este especialista é que a decisão não poderia ser tomada sem a aprovação regimental, a mesa diretora poderá não só reverter a decisão, como punir as pessoas que decidiram indevidamente. Uma situação que poderá colocar os integrantes da mesa em situação difícil, corrigir e punir poderá constranger muita gente, mas o acobertamento poderá torná-los coniventes: “a mesa, em última instância será responsabilizada”.

A manutenção da UTI, conforme manda a lei, exige a presença, vinte e quatro horas, de um médico intensivista e de uma enfermeira. Além de requerer dois técnicos de enfermagem para cada leito. “O hospital deverá poderá optar, no próximo passo, por usar um médico plantonista para atender o pronto socorro e a UTI (que nesse caso passa a ser semi intensiva), mas certamente muitas falhas poderão aparecer, algumas fatais.”

Minha opinião:

Ao buscar as informações sobre a Santa Casa de Itapira, ao conversar com integrantes da mesa, com os membros do grupo dissidente, com médicos e funcionários, percebe-se que cada grupo tem a sua história e a sua verdade, que curiosamente não batem entre si. Todos vivem sobre o mesmo teto, mas falam línguas diferentes.

Um detalhe clarividente é que as pessoas, diretamente envolvidas, assumem determinadas posições e até esperneiam, mas na hora de agir, de dar nome aos bois, de buscar uma solução viável para instituição, o silencio predomina. Entra o bloco do “a gente vai levando”.

O uso político da Santa Casa, apregoada por alguns, acabou virando uma bela muleta que deve servir para desviar as atenções. Engraçado, é que para neutralizar um lado, se busca reforços no outro. Não seria melhor, então, a transparência da neutralidade total?

Da mesma maneira, sempre que uma crise aparece, os médicos, sem distinção, são arrolados. Talvez exista exagero nessa condenação, mas não seria de bom tom afastar os parentes das decisões, diretas ou indiretas, que afetam os interesses do corpo clínico?

Não me parece que a Santa Casa possa reunir folego para resistir a manutenção de tantos interesses, confessáveis ou não. Será que um pouco mais de disciplina e organização não resolveria a caótica situação? Afinal de contas com quem está o comando da Santa Casa? Com os médicos? Com a mesa? Com o provedor? Com o administrador? Com a irmandade? A impressão que se tem é que essa “indefinição” controladora não é incompetência, mas planejada.

Lamento, com tristeza, ver que os caminhos escolhidos pelas pessoas que poderiam solucionar, embriagam-se no particular em detrimento da comunidade.

A Santa Casa, para mim, a despeito da sua configuração, pertence a todos os itapirenses. Nem falo no sentido de propriedade por conta das ações beneméritas, volumosas ou do lucro de um pastel vendido na Festa de Maio, mas pelo apego umbilical que ela representa para todos que vieram a este mundo sentindo o cheiro dos seus corredores.

Alguém disse que a Santa Casa está na UTI. Qual UTI, então?

Que a luz da sabedoria recaia sobre aquela casa, que deveria continuar sendo santa por salvar vidas. 

Nino Marcati

Fonte: Da Redação do PCI

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6 comentários
20/05/2013 14:05:49 | [email protected]
Vale a pena perder 5 minutos e ler esta matéria ate o fim,
18/04/2013 18:04:39 | Maria
(e completou: “aliás, o caso do paciente com avc nessa madrugada, só foi removido para outra cidade quando apresentou condições para isso), uma grande mentira ele ficou 5 horas esperando com um avc, como um medico teve coragem de dizer isso??
18/04/2013 18:04:27 | Jaque
Sou parente do paciente com avc e a historia nao foi nada disso que esta escrito ai, ele foi muito bem atendido pelo medico e a uti nao estava funcionando mesmo!nao tinha nenhum paciente lá, ele ficou 5 hrs aguardando remoção no pronto socorro.
18/04/2013 18:04:12 | Flavy
Conheço o pac. do avc e a histÓria foi muito diferente! graças a dedicação do médico d plantão ele foi salvo, a uti estava fechada completamente,ninguém tinha ordens para reabrir, ele ficou abandonado no ps por falta de carro e um dr. p/ remoção.
18/04/2013 16:04:13 | Daniel
Isto é uma vergonha, uma vez que pagamos pelo serviço e não temos um serviço de boa qualidade. espero que outra empresa cuide da santa casa.
18/04/2013 07:04:26 | Jorge
É mais facil mudar o nome para hospital unimed ja que os outros sao desperezados por eles... isso nao é cuidar de gente é cuidar dos interesses pessoais...
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