O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo acaba de finalizar uma série de propostas que visam à redução do número de acidentes de trânsito com motociclistas. A ação é resultado do 1º Fórum Saúde e Trânsito, promovido pelo hospital.
Entre as propostas estão a inclusão de formação de direção defensiva e exame de habilitação adequado às condições de trânsito que serão enfrentadas pelos motociclistas, com maior rigor na primeira habilitação. Pesquisa realizada pelo HC e divulgada em julho demonstrava que apenas 25% dos motoristas de motos aprenderam a dirigir em autoescola.
Também é sugestão criar categorias na habilitação de motociclistas. De acordo com o texto resultante dos debates, é primordial a definição das áreas de trânsito das motocicletas entre as faixas de rolamento dos automóveis e as regras de circulação das motos nas faixas de rolamento regulares nas vias sem motofaixas exclusivas ou compartilhadas.
Já a velocidade máxima de circulação das motocicletas deve ser específica de acordo com a característica de cada via. As propostas são direcionadas para ações de engenharia de trânsito, de educação e consciência e de fiscalização, mas colocadas dentro da perspectiva de redução de acidentes e morbidade.
"A importância do fórum foi permitir que todos os setores interessados se manifestassem e chegassem a estas propostas. Na verdade é uma tentativa de se criar um movimento de mobilização social, onde todos os participantes tenham consciência do seu papel," explica a médica fisiatra Julia Greve, coordenadora da ação.
Diante dos números crescentes de acidentes e da alta mortalidade, é consenso geral entre os segmentos que participaram do fórum a necessidade de maior rigor para a obtenção da carteira de habilitação para motocicleta, da regulamentação do tráfego desse tipo de veículo, levando em conta suas características peculiares, e regulamentação da profissão de moto-frete.
Em dez anos, os atendimentos pré-hospitalares feitos pelo grupo de resgate do corpo de bombeiros a vítimas de acidentes com motocicletas aumentaram 148,6% no município de São Paulo. Em 2010, foram 18.081 ocorrências, contra 7.271 atendimentos realizados em 2001.
O número de atendimentos cresceu no segundo semestre. A média de ocorrências neste período é 56% maior que nos meses do primeiro semestre. Nos seis últimos meses do ano, a média foi de 8.896 atendimentos.
A frota de motocicletas no Estado de São Paulo também evoluiu no mesmo período. O aumento foi de 221%, chegando em 2010 a 6,79 milhões de veículos.
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