Pouca gente ficou sabendo, até mesmo porquê seu maior propagador, o professor de Educação Física aposentando, José de Oliveira Barreto Sobrinho também não deu muita atenção à efeméride. Mas, há exato um ano atrás completou-se 50 anos da realização da primeira de uma série de Olimpíadas Internas do antigo Instituto Estadual de Educação Elvira Santos de Oliveira (IEEESO) .
A Cidade foi ouvir do professor Barreto os motivos deste evento – que assinalou de uma forma muito próxima a vida de pelo menos três gerações de Itapirenses que passaram pela atual Escola Estadual Elvira Santos de Oliveira (ESO) - ter sido gestado na Semana da Pátria. “Antigamente, principalmente nas escolas, se dava uma importância muito grande ao sete de setembro. Concomitantemente aos preparativos para o desfile cívico, sempre organizado com maestria pela professora Aparecida ( Aparecida Nogueira, saudosa professora de educação física que a exemplo do próprio Barreto marcou época na referida escola) imaginei a realização de um evento desportivo que mobilizasse os nossos alunos. A primeira edição foi assim meio que improvisada, mas acabou servindo como modelo básico para a realização daquelas que viriam posteriormente e todas elas realizadas junto com os festejos da Semana da Pátria”, revelou.
Barreto conta que a data cívica em si já tinha enorme importância dentro do IEEESI antes mesmo que ele fosse transferido no final dos anos 1950 para o prédio atual. Aquele fervor cívico aliado à disposição de autoridades da época em associar civismo e desportividade acabaram, segundo ele, dotando por um longo período a cidade de três datas de grande relevância no tocante às comemorações : o sete de setembro, o 22 de outubro e o primeiro de maio. “Com a ajuda do Lions Clube e tendo senhor José Serra ( empreendedor local famoso àquela época) como grande incentivador foi feita uma grande comemoração do primeiro de maio em 1964, tomando como base aquela estrutura já existente dentro do IEEESI”, relembrou. Uma das atrações promovidas pelos participantes dos jogos e mostradas nos desfiles do 07 de setembro que acabou marcando época, segundo Barreto, era a formação das famosas “pirâmides humanas”, que exigiam um preparo e treinamento específicos dada a dificuldade de se realizar a manobra. “ O público gostava muito desta exibição”, relembrou.
Barreto observa ainda que o golpe militar em 1964 acelerou de certa forma este comportamento mais recatado das autoridades educacionais. “O apego aos valores da Pátria se tornou algo inerente à própria atividade escolar durante todo aquele período e, evidentemente, o sete de setembro por causa disso mesmo acabou se rivalizando com os festejos do aniversário da cidade”, observou.
“Pito”
Barreto se lembra que pelo menos em uma oportunidade realizar a Olimpíada e participar dos festejos do sete de setembro lhe rendeu uma saia justa. “O sete de setembro caiu num domingo e encerramos a olimpíada um dia antes.Tinha tido uma semana estafante e faltei à cerimônia de hasteamento da bandeira realizada na manhã do sete de setembro.No dia seguinte vi que a diretora tinha cortado meu ponto. A impressão que tive é de que foi um recado curto e grosso para que não faltasse mais à esta cerimônia”, relatou.
O veterano professor admite que enxerga com certa nostalgia aquele período. “A sensação que dá é que a juventude de hoje em dia é mais alienada , não liga para datas cívicas, que perderam a importância que tinham antes. Hoje em dia se dá muito valor a coisas materiais, ao consumismo e coisas importantes acabam ficando num segundo plano, o que de certa forma é lamentável”, encerrou.
Desfile de sete de setembro no final da década de 1960: civismo em alta
Flagrante de um desfile realizado no primeiro de maio de 1964, já em pleno regime militar
Professor Barreto: civismo deixou de ser importante para a maioria das pessoas
As famosas pirâmides humanas que fizeram sucesso nos desfiles do sete de setembro