Após forte crescimento nos últimos anos, o setor imobiliário começa a dar os primeiros sinais de desaquecimento, influenciado pelos preços altos e pela desaceleração da demanda.
Na esteira da desaceleração já vista em 2011, o calo parece ter apertado mais para o mercado imobiliário, que começa a ver a euforia desenfreada de 2010 ser substituída por preocupação e cautela, cenário que tende a se manter este ano. Na visão de especialistas que acompanham o setor, esse desaquecimento, que resultou em crescimento menor no ano passado, deve se intensificar nos próximos meses. Em contrapartida, ainda que o cenário pareça preocupante, a perspectiva traçada pelos profissionais não é totalmente pessimista. A demanda que se mantém em níveis saudáveis e indicadores macroeconômicos como inflação e confiança do consumidor sob controle devem contribuir para amenizar a desaceleração prevista.
Agora, de qualquer forma, indicadores de rentabilidade das incorporadoras e construtoras serão acompanhados mais de perto, sendo que o grande evento deste ano, segundo os agentes de mercado, será o fluxo de caixa positivo.
A construção civil brasileira deve crescer 5,2% em 2012, após fechar o ano passado com alta de 4,8%, conforme previsões do Sindicato da Construção (SindusCon-SP). Em 2010, o avanço foi de 15,2%.
Para José Carlos Joaquim, da Imobiliária Invest e delegado do Creci em Itapira, a desaceleração do mercado imobiliário é fruto de dois fatores principalmente: a recessão econômica e a baixa renda per capita da população.
“Primeiro que estamos começando a sentir os reflexos da recessão econômica que vem assolando a Europa e o EUA. Outro fator importante é o baixo poder aquisitivo aqui em Itapira, uma consequência direta da desindustrialização, já que infelizmente estamos perdendo postos de trabalho”, destacou.
E completou: “Outro agravante é a atividade clandestina, ou seja, indivíduos despreparados atuando na área de corretagem. Ainda existe muito disso aqui em Itapira. A importância de se procurar por um profissional credenciado é que ele será responsável pela negociação, pelo levantamento da documentação e regularização do imóvel”, finalizou.
José Carlos Domingues, da Imobiliária Ideal comentou que o mercado se manteve aquecido graças aos planos que integravam o Projeto Minha Casa Minha Vida para aquisição de terreno e construção, construção e imóvel novo. “O mercado está desacelerando não por falta de procura mas sim pela falta de oferta de terrenos que contemplem o valor do projeto que é de R$ 100 mil. Hoje, qualquer terreno está na faixa do R$ 60 mil, sobrando muito pouco para a construção. O mercado só voltará a aquecer quando existirem novas perspectivas de loteamento mas acessíveis, ou seja, com a disponibilidade de lotes de até R$ 40 mil. Acima disso, fica praticamente inviável. Imóveis com valores maiores a R$ 100 mil então, fica difícil”, completou.