Cerca de 73 caminhões com comida, medicamentos e uma clínica móvel partem de Damasco para outras cidades sírias sitiadas em uma operação que conta com o apoio das Nações Unidas
Os primeiros caminhões de ajuda humanitária entraram hoje (17) na cidade sitiada de Muadamiya al-Sham, a sudoeste da capital síria de Damasco. A informação foi divulgada pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
De acordo com a organização não-governamental, o comboio de ajuda humanitária, composto por dezenas de veículos, transportava alimentos e outros bens essenciais para as cidades sitiadas de Al Zabadani e de Madaya, nos subúrbios de Damasco, e também para Fua e Kefraya, na província de Idleb, no Norte da Síria.
As cidades de Muadamiya al-Sham, Madaya e Al Zabadani estão cercadas pelas forças do regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, e pelos seus aliados; enquanto Fua e Kefraya, de maioria xiita, estão sitiadas pela Frente Al-Nusra, ramo sírio da Al-Qaida, e por outras fações armadas de oposição.
Antes da entrada da ajuda humanitária, uma delegação do Crescente Vermelho Árabe Sírio (SARC), organização que trabalha com a Cruz Vermelha Internacional, entrou hoje em Madaya com uma clínica móvel para avaliar os casos de doentes que precisam de ser transportados para hospitais fora da cidade.
Ontem (16), o porta-voz das Nações Unidas, Farhan Haq, informou que o governo sírio autorizou a Organização das Nações Unidas (ONU) a enviar ajuda humanitária para estas localidades sitiadas e também para as zonas de Kafr Batna, nos arredores de Damasco, e de Deir al-Zur, no Nordeste do país.
O anúncio da ONU surgiu após uma visita a Damasco do enviado especial das Nações Unidas para a Síria, o diplomata italo-sueco Staffan de Mistura. Na capital síria, o diplomata se reuniu com o ministro dos Negócios Estrangeiros sírio, Walid al-Mualem, e, depois do encontro, afirmou que a ONU ia tentar levar ajuda humanitária, a partir de hoje, para as áreas sitiadas, em uma ação que, segundo o enviado especial, iria testar a vontade do governo sírio.
As palavras de Staffan de Mistura não foram bem recebidas pelo governo sírio, que respondeu que não iria permitir que ninguém testasse seu nível de seriedade. A Síria acusou o diplomata de fazer declarações ?completamente contraditórias? ao conteúdo das reuniões conjuntas realizadas previamente.
As grandes potências internacionais envolvidas no caso sírio, especificamente a Rússia (aliada tradicional da Síria) e os Estados Unidos (que apoiam a oposição moderada síria), concluíram, há cerca de uma semana, na cidade alemã de Munique, um acordo que previa uma trégua na Síria, por uma semana, além de aumentar a ajuda humanitária.
Segundo a ONU, cerca de 486 mil pessoas vivem nas 18 zonas cercadas no território sírio, a maioria por forças militares do regime.
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