A Cia. Talagadá – Teatro de Formas Animadas fez o encerramento da temporada da peça Romeu e Julieta em Itapira no último domingo à tarde no CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados) do Istor Luppi. Ao todo, foram oito apresentações em diferentes pontos da cidade e nas duas versões (By Day e By Night) sendo duas na Praça Bernardino de Campos, duas no Parque Juca Mulato, uma em Eleutério, uma em Barão Ataliba Nogueira, uma na Praça Betinho, no Parque São Francisco, e a última no Istor Luppi. Todo financiamento é oriundo de recursos do ProAC (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo).
Com toques de humor e críticas sutis – mas incisivas – e um final que une surpresa com emoção, a peça de aproximadamente uma hora é estrelada por Danilo Lopes, João Bozzi, Valner Cintra e pelos músicos Diogo Henrique Gomes (percussão) e Luan Martins de Freitas (violão). Os cinco interpretam moradores de rua que, com linguagem e objetos próprios, contam a história do clássico Romeu e Julieta, de Willian Shakespeare. A direção é de Valner Cintra e a trilha sonora foi composta por Luis Giovelli.
Todo o cenário, objetos, bonecos e até instrumentos
de percussão utilizados na peça foram produzidos pelos membros da Cia, sempre tomando como base a obra do artista Arthur Bispo do Rosário (1911 - 1989), que utiliza uma linguagem diferenciada para recontar a história e dá muita atenção aos detalhes. Em cada ato, os personagens utilizam diferentes formas de refletir sobre os problemas políticos, religiosos, de discriminação, preconceito, violência e intolerância. Totalmente musicado e sem falas, o espetáculo prende a atenção de todos os espectadores, desde a criança ao idoso, que esperam pelo desenrolar de cada cena. As duas versões, By Day e By Night, se diferenciam apenas pelo teor da linguagem e das críticas.
“Essa primeira temporada em Itapira foi muito bacana e positiva. Estamos muito felizes com a quantidade de publico que tivemos nas apresentações. As duas na Praça Bernadino de Campos foram as que trouxeram um maior público, composto de amigos, parentes, pessoas que já acompanham nosso trabalho desde o grupo Pirandello e também dos que estavam nos conhecendo pela primeira vez. É uma alegria imensa trazer nosso trabalho para a nossa casa, nosso berço, e ver nossos familiares e amigos se emocionando e discutindo com a gente o trabalho apresentado”, declarou o ator Danilo Lopes.
Outro ponto positivo da turnê foi a descentralização das apresentações, fazendo com que mais pessoas pudessem ter contato com a cultura. Para atrair o público, a Cia. e seus parceiros utilizaram diferentes ações de divulgação como redes sociais, o boca a boca, propaganda nas escolas e até utilizando megafones nas ruas. “Uma maneira que deu certo! Formamos uma platéia especial em todas as apresentações: participativa, sensível e emocionada, que vibravam com cada ação que o espetáculo propunha. Percebemos que essa ação ela funciona. Conseguimos levar Romeu e Julieta para uma média de 700 pessoas espalhando a peça pelos bairros e distritos. Claro que não é todo espetáculo que possibilita essa ação, mas o teatro de rua permite essa vivência e viver isso é muito bom”, comemora Lopes.
Apresentações fora da cidade
Ainda dentro da turnê financiada pelo ProAC, a Cia. Talagadá se apresenta em outras seis cidades. Ontem, às 14h e às 19h30, as apresentações foram no Centro Cultural e na Praça de Martinho do Prado, ambos em Mogi Guaçu.
Hoje à noite, os atores partem para Santo André, no ABC Paulista. Na próxima sexta-feira a cidade de Espírito Santo do Pinhal recebe a peça às 15h e às 20h na Praça Rio Branco. E no sábado, dia 5, a Praça Rui Barbosa de Mogi Mirim abriga a apresentação às 15h e 21h.
As últimas passagens de Romeu e Julieta acontecem nos dias 10, 11 e 12 em São Paulo e no dia 13 em São Bernardo do Campo. “O espetáculo foi criado e estudado com todo carinho. Levantar temas como opressão, violência, preconceitose traze-los de uma forma poética era nosso objetivo que está sendo desenvolvido com essa turnê. O espetáculo ainda está nascendo, e todas essas apresentações, permitirão que ele cresça e amadureça.
Percebemos nessas primeiras experiências que essa comicidade dosada com a critica social chegam de uma maneira interessante, visto os depoimentos e conversas que tivemos pós- apresentação. Levar para outras cidades é uma outra fase de nosso projeto que nos permite colher o retorno de pessoas que não conhecem a companhia pelas pessoas que a formam, mas sim pelo trabalho artístico que ela está apresentando”, finalizou Danilo Lopes.