Notícia
17/03/2011 | TCE contrariou parecer ao aprovar contas de Munhoz
Para técnicos, contratos firmados por presidente da Assembleia são
irregulares
Deputado é acusado em ação por desvio de verba após
licitação vencida por empresa em nome de laranjas; ele nega
FERNANDO GALLO
DE SÃO
PAULO
O Tribunal de Contas de São Paulo contrariou
pareceres de sua área técnica e alertas do Ministério Público que apontaram
irregularidades em licitações que levaram à abertura de ação de improbidade
contra o presidente da Assembleia Legislativa, Barros Munhoz (PSDB).
Apesar
de análise técnica do TCE, que considerou irregulares as licitações feitas por
Barros Munhoz em sua gestão no município de Itapira (SP), o tribunal aprovou as
contas da prefeitura e contratos firmados com a empresa Conservias, aberta em
nome de laranjas.
A empresa é pivô da denúncia oferecida pelo Ministério
Público à Justiça, na qual Barros Munhoz é acusado de participar do desvio de R$
3,1 milhões da prefeitura à época em que era prefeito.
As licitações
envolvendo a Conservias tiveram concorrência simulada, segundo o Ministério
Público. A sócia da empresa, Joleide Ramos Lima, é dona de casa e afirmou à
Folha que apenas "emprestou" sua assinatura para abrir a
empresa.
Joleide também é dona de outra empresa que participou da licitação
-e perdeu.
Barros Munhoz afirmou que a empresa cumpriu as exigências formais
para participar das licitações e os serviços nelas previstos foram efetivamente
realizados.
TÉCNICOS
Acionados para analisar os contratos após
ofício da Promotoria, técnicos da unidade de Campinas do TCE concluíram que os
pagamentos à empresa foram irregulares e que cabia devolução do dinheiro aos
cofres públicos.
Entre os problemas apontados estão assinaturas falsificadas,
pagamentos de serviços a pessoas não contratadas, valores de cheques não
correspondentes aos das notas fiscais e nenhum recibo assinado pelo
representante legal da empresa.
O parecer foi apresentado em março de 2006,
sete meses após o TCE ter julgado regulares as contas de Munhoz. No relatório
final da aprovação das contas, o conselheiro Eduardo Bittencourt disse não ter
visto "atos lesivos" nas licitações, mas pediu exame mais aprofundado. O
tribunal, então, solicitou a Munhoz que apresentasse defesa específica sobre os
contratos.
DEFESA
Os advogados do deputado negam
irregularidades. Quanto às assinaturas supostamente falsificadas, dizem que o
diretor de compras da prefeitura lida com milhares de processos e que, por isso,
não teria como identificar uma possível ilegalidade.
Sobre os pagamentos a
terceiros, alegam que pessoas que receberam pela Conservias tinham
procuração.
Em fevereiro de 2008, o conselheiro Edgard Camargo, em voto
sucinto, não fez menção às irregularidades apontadas pelos técnicos e pela
Promotoria, e deu razão a Munhoz por ter "preenchido" as exigências legais.
OUTRO LADO
Conselheiros não comentam decisão, afirma tribunal
DE SÃO PAULO
O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo disse
que os conselheiros não comentam decisões proferidas.
Ao ser reeleito
anteontem para presidir a Assembleia Legislativa de São Paulo, o deputado Barros
Munhoz (PSDB) se disse "massacrado" e "injustiçado".
Acusado pelo Ministério
Público de ter participado do desvio de R$ 3,1 milhões dos cofres da Prefeitura
de Itapira (SP), ele afirmou que nunca cometeu um ato de irregularidade e que
todas as suas contas foram aprovadas.
Em seu discurso após ser reconduzido ao
cargo, o deputado disse que a denúncia ainda não foi aceita pela Justiça e que
não há uma condenação definitiva.
"Essa representação que serviu de pano de
fundo pra tanta calúnia, injúria e difamação que sofri nem sequer foi recebida.
Fui condenado sem ter sido julgado."
A assessoria de Barros Munhoz afirmou
anteriormente que a Conservias cumpriu as exigências formais para participar das
licitações, e os serviços nelas previstos foram efetivamente
realizados.
Ainda segundo a assessoria, o deputado não participou de
irregularidades eventualmente apuradas em investigações.
A movimentação
financeira dele em 2003 foi compatível com suas atividades empresariais e
empréstimos que ele obteve no período, afirma a equipe do deputado.
Fonte: Folha de São Paulo
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