Empenhada em consolidar o quadro de reversão das condições que determinaram a cerca de um ano atrás intervenção da Prefeitura na entidade, a direção da UIPA (União Internacional Protetora dos Animais) está se mobilizando para antes de mais nada tentar conscientizar a população a respeito de como vem sendo realizada a gestão interna com o intuito de acabar com a impressão de que o local é um depósito de animais. A nova direção que assumiu em julho deste ano, após um processo dentro da legalidade e obedecendo ao estatuto do UIPA, preconizou, conforme esclareceu a atual presidente, Vivian Maria Guerreiro, fazer tudo diferente para não repetir as cenas lamentáveis que os interventores encontraram em dezembro do ano passado. Cães que estavam com sarna, a maioria doente, feridas, verminoses, armazenamento dos medicamentos, uma vez que a grande maioria estava vencido, cerca de R$ 15 mil em medicamentos vencidos ou impróprios para o uso tiveram que ser descartados, conforme balanço da diretoria atual. No meio dos medicamentos existiam fezes de ratos, muita sujeira.
Chamou ainda a atenção a estrutura física de forma geral precária, o piso dos canis quebrado e com sujeira acumulada, muitos ratos, baratas, escorpiões, insetos. Muitas fêmeas com filhotes, não havia segregação dos cães doentes dos cães sadios. Havia canis sem teto, o mato era muito alto, inclusive na semana da intervenção a Prefeitura foi fazer a roçagem do local e encontrou vários filhotes perdidos no meio do mato, cães mortos, entulhos.
Segundo Vivian, na época havia cerca de 100 cães na entidade. Hoje o inventário aponta 135 e segundo ela todos ou estão saudáveis ou em tratamento veterinário. “Fizemos várias melhorias na infraestrutura da sede, principalmente nos canis, melhoramos as condições mínimas para garantir a sanidade dos cães e que o local se tornasse mais seguro para eles. Mas a melhora mais expressiva com certeza é na higiene do local e na saúde dos cães”, ressaltou.
Antigos Problemas
Apesar deste balanço favorável, a direção da UIPA afirma que é preciso que sejam esclarecidas questões relativas à esfera de atuação da entidade, até onde ela pode agir. Segundo deixou a entender, muitas pessoas confundem a atividade da UIPA com outras que seriam inerentes aos poderes públicos constituídos. “O primeiro grande ponto que precisa ser esclarecido é que pelo DECRETO Nº 24.645, de 10 de julho de 1934, todos os animais são tutelados pelo Estado. Outro ponto importante que muitas pessoas confundem: A UIPA não é um órgão da Prefeitura, é uma ONG independente que recebe sim um recurso municipal através do convênio firmado pela Lei Municipal 4.417 de 05 de março de 2009, onde anualmente são repassados R$ 70 mil anuais para a ONG, se dividirmos este valor por 12 meses, chegamos a R$ 5.833. Apesar de muito importante para a sobrevivência da UIPA, este valor não fecha nem a folha de pagamento dos funcionários e da veterinária. Todos os cães acolhidos pela UIPA chegam doentes ou feridos e precisam de tratamentos que na maioria são caros, além de todas as necessidades de manutenção, água (em torno de R$ 1 mil/mês), força (média de R$ 250), castrações, cirurgias”, desfiou.
Ainda segundo ela, a UIPA castra em média 10 animais ao mês ao custo médio o de R$ 120 reais (média de R$ 1.200/mês), além de providenciar eventuais cirurgias e cuidados que os cães precisarem. “Quem tem um cão doente em casa sabe o quanto é gasto no tratamento. Todos os tratamentos, cirurgias e procedimentos veterinários realizados nos cães da UIPA são pagos. Nenhum veterinário presta serviço voluntariamente sem receber, tudo é pago . É comum as pessoas acharem que a UIPA dispões de um veterinário de plantão e isso não é verdade. Cada vez que precisamos de um serviço veterinário, temos que pagar por isso”, reforçou.
Lotação
A atual presidente da UIPA lembra também que boa parte dos cães é de difícil processo de adoção e que nem por isso deixa de receber o tratamento adequado. “Para aqueles animais que não são adotáveis, nós garantimos que tenham uma qualidade de vida sempre respeitando as cinco liberdades: Livres de fome e sede, livres de desconforto, livres de dor, ferimentos e doenças, livres de medo e angústia, livres para expressar seu comportamento natural”, explicou.
Segundo Vivian, para que a entidade possa perseguir esses objetivos é fundamental evitar uma superlotação. Esclarece que a capacidade de abrigo da UIPA da forma como está hoje é de cerca de 90 cães e que este limite obedece uma norma do CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária), e que aumentar esta população incorre no risco de sanções .
Vivian explica que após o processo de intervenção e mais recentemente aumentou muito o número de animais abandonados, principalmente na sede da ON”. Ela pede para que as pessoas não façam isso e que se preciso for serão tomadas providências até para identificar quem deixa animais na porta da UIPA. “Quanto a isso estamos tomando as providencias que é a instalação de câmeras de segurança para que possamos identificar as pessoas e denunciá-las pelo crime de abandono e maus tratos de animais, que prevê inclusive a prisão”, advertiu.
Ela levanta ainda uma outra questão, a das pessoas que se mudam de casa e abandonam seus cães . “Isto também tem aumentado, infelizmente. Em casos parecidos buscamos identificar o antigo proprietário e também formalizamos a denúncia na Promotoria Pública para que seja investigado e as providencias legais tomadas”, garante. Para demonstrar que a entidade está atenta a estes fatos, conta que desde dezembro de 2013 até a data de hoje, cerca de 173 animais foram retirados das ruas do município de Itapira ou de donos que os submetiam a condições de maus tratos como fome, falta de assistência veterinária, confinamento, agressões . Mas infelizmente o abandono é muito maior que a nossa capacidade de abrigo. Nós não temos condições de acolher todos os animais que precisam”, encerrou.
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